Saudade...

Tenho vindo a falar de sonhos, mas hoje o tema é um pouco diferente... Saudade... Saudade deixada pela perda de alguém, de uma das piores formas: a morte... Foi há 7 meses atrás e, desde aí, tenho vivido um pesadelo... O sonho de estar contigo, rir contigo, deu lugar ao pesadelo de não te ver nunca mais, e de não ter podido despedir-me de ti... A cada dia que passa, nada fica mais simples ou suportável, mas sim cada vez mais presente... Sente-se a falta das piadas, das conversas, dos sorrisos... De tanta coisa que antes parecia tão pouca. Porque é que damos sempre mais valor às coisas depois de elas acontecerem? Porque é que só reconhecemos verdadeiramente as pessoas depois de elas não estarem entre nós?... Já dizia Da Vinci, e com plena razão "A beleza da obra só é reconhecida quando não ensombrada pelo artista que lhe deu vida..."

É tudo de tão difícil compreensão... Porquê? Tudo questões que não têm resposta... A única coisa que me conforta é lembrar-me do teu sorriso, da alegria que punhas em tudo e em cada coisa... Mas recordo tudo isso com uma saudade imensa... Há 7 meses atrás...

"Chorei continuamente um único fio de lágrimas. Não fechei os olhos, não torci a boca, não virei a cara. Deixei cair as lágrimas durante uns cinco minutos. Doeu-me tanto. Nunca mais quero chorar assim na minha vida. Chorei porque, pela primeira vez na vida, achei uma razão para chorar. (...) É difícil merecer a vida, continuar aqui, quando morrem os que mereciam viver."

Miguel Esteves Cardoso

E assim, o tempo passa, mas tanto ficou por dizer... E qualquer frase que possa dizer nada representa face àquilo que sinto na realidade...

Por tudo o que passamos, por tudo o que foi feito e tudo o que ficou por fazer... é por isso que sinto a tua falta, é por isso que vou sempre sentir... Para sempre Rui*

Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei...

" Durante a tarde inteira fiquei a olhar para as margens do Rio Piedra. Mais de uma vez, ele parou a leitura e ficou com o olhar perdido no horizonte, absorto nos seus pensamentos.
A certa altura, resolvi dar uma volta pelo bosque, pelas pequenas cascatas, pelas encostas cheias de histórias e significados. Quando o Sol comeÇou a pôr-se, voltei ao lugar onde o tinha deixado.
- Obrigado - foram as suas primeiras palavras, quando me devolveu os papéis - e perdão.
Na Margem do Rio Piedra eu sentei e sorri.
- Tu conheces bem o salmo 137? - perguntou?
- Sim, sim, conheço - disse eu, sentindo que voltava pouco a pouco à vida. - Fala das pessoas que penduram as suas harpas, porque não podem cantar as músicas que o coração pede.
Eu sorri mais uma vez.
- Eu ia esquecer e tu fizeste-me lembrar. Deus sempre me deu uma segunda oportunidade na vida, e ajudar-me-à a reencontrar o meu caminho.
- Vai buscar as tuas coisas - disse. - Os sonhos dão trabalho..."

Porquê?

Levam-se anos a contruir um sonho... Passa-se por dezenas de livros, centenas de apontamentos, milhares de horas de trabalho e esforço... e tudo se perde nuns míseros minutos... São estes pequenos momentos que deitam por terra tudo aquilo em que acreditamos, tudo aquilo para que tanto trabalhamos... Porquê? Porque tem de ser tudo tão difícil???

A força de vontade e a ânsia nada significam. Só se ouve falar em números, médias,... tudo é tão difícil... Mas são também estes pequenos momentos que nos põem à prova, e avaliam a forma como reagimos e voltamos ao de cima novamente... Mas eu não resisto mais a provas destas, e o meu sonho esta a ficar com o tempo contado... Vejo tudo a passar por mim e, por mais que eu corra, tudo está sempre um passo à minha frente, e eu não o consigo alcançar... São momentos em que a vida nos passa pela memória, a uma velocidade vertiginosa, e que nos permite uma rápida análise daquilo que somos, fazemos e representamos... Neste momento, a minha análise resume-se a isto: desilusão.....

Porquê... Porquê... Por que tem de ser tudo tão difícil.......

Um sonho tornado realidade...

Ontem ouvi a história do José Rui. O José Rui sofre de paralisia cerebral, que lhe incapacita a coordenação dos membros inferiores e superiores. Mas, e o que interessa aqui, é que o José Rui é um jovem de 25 anos que tinha um sonho - navegar um veleiro.
Contudo, a sua condição física tornava esse sonho praticamente impossível. Mas José Rui era dotado de um capacidade mental extraordinária, e dedicava o seu tempo a tentar encontrar caminhos que o ajudassem nessa sua ambição. Até que um dia ele fez uma pesquisa na Internet sobre escolas de vela adaptada, e expôs o seu sonho e o seu problema, esperando algumas soluções. A sua história percorreu toda o mundo, mas todas as respostas eram iguais: lamentamos imenso, mas não nos é possível ajudá-lo...
(quantas vezes já não teremos nós ouvido isto??...)
Mas de Toronto, no Canadá, chegou a resposta que José Rui tanto queria ouvir. Convidaram-no a deslocar-se à filial da ENVA em Toronto, e estavam dispostos a tudo por tudo para tentar satisfazer o sonho do José Rui. E, de tão longe, naquela meia-dúzia de palavras enviadas por e-mail, veio o renascer da esperança do José Rui e, cheio de força e boa disposição como sempre, ele fez-se ao caminho, em busca do seu sonho.
Chegado lá e após algumas aulas, José Rui aprendeu aquilo que tinha a fazer. É que ele não queria andar de barco, mas sim navegá-lo. E aprendeu a fazê-lo, através do sopro, pois era única forma de o fazer. Então, algumas horas, pessoas muito empenhadas e muito esforço depois, José Rui lá estava, dentro do barco, no meio do oceano, a concretizar o seu sonho, e com um sorriso enorme estampado no rosto... um sorriso como nunca ninguém tinha visto...


Moral da história: os sonhos impossíveis não existem... temos de lutar, contra tudo e contra todos e por vezes contra nós mesmos. Enfrentar as nossas adversidades, e superarmo-nos a cada dia para que, no fim de tudo, possamos esboçar um sorriso como o do José Rui: insubstituível e... muito, muito feliz... **

Dreaming among the Angels...

Angel...


"Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty
and weightless and maybe
I'll find some peace tonight
in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there..."