Um dia eu sonhei...

Talvez, para muitos, tudo o que vou escrever não faça sentido nenhum, ou esteja a milhas de distância da realidade. Mas um dia eu sonhei, e foi assim que sonhei…

Agora que tudo está prestes a acabar, agora que a poeira assentou, talvez seja altura de apresentar dignamente aquilo de que tanto se tem falado até agora: o sonho… a Pediatria…Sempre foi aquilo que desejei fazer, sempre me fascinou todo aquele mundo, toda a inocência das crianças, toda a magia que a Pediatria engloba. Sempre me cativou toda a sabedoria necessária para cuidar de cada uma daquelas crianças. Sempre sonhei poder tratar de muitas delas, e receber apenas um sorriso em troca. Não imaginei pedir mais nada, apenas um sorriso…Nunca me vi a fazer outra coisa, sempre achei que era esse o caminho que eu queria seguir. Ver todo aquele mundo, mais, fazer parte de todo aquele mundo, sentir-me útil, poder ajudar. Sei que muitas vezes nada se pode fazer, mas pode sempre dar-se um último sorriso. E eu queria poder fazê-lo…

Sempre adorei crianças, sempre me cativou todo aquele mundinho em que elas vivem: o mundo dos “porquês”, o mundo da inocência, da pureza, o mundo mágico, o mundo… perfeito…! E sempre me cativou o mundo da Medicina: o mundo das doenças e das curas, do sentimento de frustração mas da sensação do dever cumprido, do mundo a que a maioria recorre em busca de conforto, alívio, ou até (e talvez na maioria das vezes) apenas um “dedo” de conversa ou um local de desabafo, onde pensam estar protegidos e onde vão em busca da cura para todos os males. O mundo daqueles nomes técnicos, de todos os medicamentos e pequenas coisas que salvam vidas, o mundo em que lidamos directamente com os problemas de todos, … e com a vida: o começo e o fim dela… Poderia continuar aqui a falar daquilo que realmente me faria feliz, aquilo que me iria fazer sentir realizada. Estarei enganada? Não sei, talvez… mas só gostava de ter tido a oportunidade de poder afirmar isso, de ser eu a dizer, por experiência, que afinal aquele não era o meu mundo.Assim, por (feliz ou infeliz?) acaso do destino, acabarei por seguir um caminho paralelo. Ficarei a ver as coisas a passarem-me ao lado, ficarei a ver através do vidro aquilo que uma vez eu lutei para alcançar, ficarei… aqui… mais uma vez…Por tudo o que a Pediatria sempre significou para mim, por toda a ilusão que vivi graças a ela, e por tudo aquilo que deixei por fazer… é por isso que digo que foi bom até acabar o tal amor que nunca chegou a começar…