Vai...

... para sonhar o que poucos ousaram sonhar.
Para realizar aquilo que já te disseram que não podia ser feito.
Para alcançar a estrela inalcançável.

Essa será a tua tarefa: alcançar essa estrela.
Sem quereres saber quão longe ela se encontra;
nem de quanta esperança necessitarás;
nem se poderás ser maior do que o teu medo.
Apenas nisso vale a pena gastares a tua vida.

Para carregar sobre os ombros o peso do mundo.
Para lutar pelo bem sem descanso e sem cansaço.
Para enxugar todas as lágrimas
ou para lhes dar um sentido luminoso.
Levarás a tua juventude a lugares onde se pode morrer,
Porque precisam lá de ti.
Pisarás terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar.
Partirás para longe, talvez sem saíres do mesmo lugar.

Para amar com pureza e castidade.
Para devolver à palavra "amigo" o seu sabor a vento e rocha.
Para ter muitos filhos nascidos também do teu corpo
Ou muitos mais nascidos apenas do teu coração.
Para dar de novo todo o valor às palavras dos homens.
Para descobrir os caminhos que há no ventre da noite.
Para vencer o medo.

Para sofrer aquilo que não sabias ser capaz de sofrer.
Para viver daquilo que mata.
Para saber as cores que existem por dentro do silêncio.
Continuarás quando os teus braços estiverem fatigados.
Olharás para as tuas cicatrizes sem tristeza.
Tu saberás que um homem pode seguir em frente
apesar de tudo o que dói, e que só assim é homem.

Para gritar, mesmo calado, os verdadeiros nomes de tudo.
Para tratar como lixo as bugigangas que outros acariciam.
Para mostrar que se pode viver de luar quando se vai
Por um caminho que é principalmente de cor e espuma.
Levantarás do chão cada pedra das ruínas
Em que transformaram tudo isto.
Uma força que não é tua nos teus braços.
Beijá-las-ás e voltarás a pô-las nos seus lugares.

Para tocar o intocável.
Para haver em ti um Sorriso que a morte não te possa arrancar.
Para encontrar a luz de cuja existência sempre suspeitaste.
Para alcançar a estrela inalcançável.


Mas vai... sem medo... sê feliz... é um conselho de quem viveu como tu, sofreu como tu... mas arriscou, e é muito... mas muito feliz... Sê feliz também...

Adoro-tu*

(gostei dos poucos minutinhos de hoje...)

O Diário da Nossa Paixão...

Há cerca de meio ano descobri um livro… Um livro muito antigo, assim em jeito de diário… Para ser aberto, eram precisas duas chaves que estavam guardadas em dois corações diferentes. E essas chaves só abriam o livro se os corações estivessem juntos e se ambos desejassem a mesma coisa… E, um dia, encontrei-Te, e experimentamos abrir o livro… Fechamos os olhos, demos as mãos…e conseguimos: o livro abriu… Dava para ver que era muito velho, e tinha apenas algumas linhas escritas que diziam que, aos vinte e dois dias do último mês do ano dois mil e cinco, iria acontecer algo que mudaria duas vidas para sempre: um beijo… um beijo, dado a medo, por entre certezas e incertezas, por entre amores e desamores…
E assim foi: aos vinte e dois dias desse mês estávamos juntos, de mãos dadas, e aconteceu esse beiju, dado a medo, que mudou as nossas vidas para sempre…
O livro nada mais dizia, mas tinha ainda muitas páginas para preencher… Nós trouxemos o livro, e vamos escrevê-lo juntos… A cada dia, a cada momento, a cada passo, a cada música, a cada paisagem… Vamos preencher o livro que alguém começou… Alguém que decidiu juntar-nos, alguém que queria que continuássemos a sua obra, e escrevêssemos aquilo que de mais bonito existe… Vamos escrevê-lo juntos, e chamar-lhe… O Diário da Nossa Paixão…
Foi há cento e oitenta e dois dias atrás… Hoje já tem mais algumas linhas escritas. Muitas músicas, momentos e paisagens já foram registados naquele livro, e mais… muitas mais virão… Vamos escrever até que acabem as folhas e, se for preciso, acrescentar folhas até, mas vamos guardar quase todos os momentos que vivemos juntos naquele pedaço de papel… Quase todos porque há alguns que só se conseguem guardar na memória…e no coração… E, quando o livro acabar, vamos fazer como no início: fechar os olhos, dar as mãos e fechá-lo, para que nenhuma memória se perca… para que não se perca a mais bela história de amor de sempre…

Novo internamento...

Pois é... Lembram-se do primeiro internamento? Pois aqui vai o segundo... A "doença" agravou-se e requer outro internamento na Unidade de Estudo Intensivo... O anúncio, esse já vem um pouco tarde, pois já dei entrada na passada segunda-feira... A alta prevê-se lá para o meio do próximo mês, mas isto se os primeiros "tratamentos" forem bem sucedidos, senão terei de fazer mais exames e novos internamentos... Vamos lá ver a evolução e depois aplicamos a terapêutica adequada!
Por agora, os sintomas são mais ou menos estes: folhas, folhas e mais folhas, capas, marcadores, cadernos..... e folhas... Enfim, a velha vida de estudante...

Mas vai valer a pena... espero eu!

Assim, despeço-me, e desejo muito boa sorte para todos aqueles que sofrem da mesma doença que eu! Que a cura venha depressa e o internamento passe rápido!

Boa sorte a todos***

Até ao meu regresso...*

Para Ti N. ...

Há cerca de três meses falei de ti, lembraste? Escrevi sobre a primeira vez que te vi e, em poucos momentos, soube a história da tua vida, desde pequenino, o que gostavas de fazer, como brincavas… tudo… Apenas numa manhã, soube quase tudo o que fora a tua vida até então… e depois deixei-te, e não mais te vi… Esta semana deixaste de brincar cá e foste brincar com os anjos, e cozinhar para eles o teu tão adorado arroz de cabidela! Esta semana deixaste-nos a todos, mas estás bem agora… Foste um exemplo de força e coragem, e deste uma lição de vida a muita gente… E, tal como na história do Principezinho, vejo agora mais uma estrela no Céu que guarda o teu riso, e vou lembrar-me dela muitas vezes… Porque marcaste a minha primeira visita ao lugar que tanto me faz feliz… e que, espero, faça ainda mais…
Agora voaste, e eu nunca mais te vi nem verei… mas



“Para mim, esta é a paisagem mais bela e mais triste do mundo. Foi aqui que o principezinho fez a sua aparição na Terra e, depois, desapareceu.
Olhem bem para esta paisagem para a poderem reconhecer. Se passarem por aqui, suplico-vos: não tenham pressa, fiquem um bocado à espera mesmo por baixo da estrela. Se um menino vier ter convosco, um menino que está sempre a rir, um menino que nunca responde quando se lhe faz uma pergunta, já sabem quem ele é. Então, por favor, sejam simpáticos! Não me deixem ficar assim triste: escrevam-me depressa a dizer que ele voltou…”

(Saint Exupéry in Princepezinho, 2004)